Uma aventura épica entre Ponte da Barca e o Lindoso

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Um dia de alerta laranja que se transformou numa aventura épica finalizada de forma inesperada. Esta é a crónica de mais um retrato de um dia cheio de vida! Uma viagem em bicicleta entre Ponte da Barca e o Lindoso.

O dia nasceu cedo. Esperávamos acordar com bom tempo, mas todos os boletins de meteorologia avisavam e previam o pior cenário: o litoral com aviso vermelho e o interior com alerta laranja. Em Famalicão livres para seguir viagem de carro abate-se sobre nós a primeira tempestade do dia, atrasando a hora de saída para Ponte da Barca. Foi rápida a chegada a esta vila minhota grudada ao Rio Lima. Tão rápida quanto a nossa vontade em sair de bicicleta antes que uma nova tempestade transbordasse sobre nós. Inquietos, alguns populares saudavam-nos e admiravam a nossa coragem em andar de bicicleta naquele dia… “É a vontade, amigo”, respondemos com a mesma simpatia com que fomos recebidos.

Saímos de Ponte da Barca e seguimos o track que trazíamos nos nossos GPS. Dois quilómetros percorridos e a temperatura do corpo tirava-nos os impermeáveis que minutos mais tarde voltávamos a vestir por causa da chuva. A matemática do percurso era simples de compreender: os primeiros 10 quilómetros subiam de uma altitude de 50 metros para 725. Os 10 seguintes não seriam melhores!

Após uma breve paragem em Ventoselo junto da Capela da Nossa Senhora do Livramento seguimos o percurso em mais uma monumental subida até ao mega depósito de água para o combate de incêndios florestais próximo das Ruínas do Castelo da Nóbrega.

 

Mixões da Serra a última aldeia de Vila Verde

Seguimos o percurso numa linha que separa o distrito de Braga do de Viana do Castelo. Queríamos chegar o mais rápido possível a Mixões da Serra, mas esta missão não era assim tão simples! O percurso era duro e as zonas de recuperação insuficientes para as paredes que pedalávamos. As linhas e concentração de água abundavam em excesso em diversas zonas, deixando de ser uma preocupação após vários chuveiros e de estarmos naturalmente molhados.

Chegamos à aldeia de Santo António de Mixões da Serra muito mais tarde do que planeamos. Paramos! Mais importante do que percorrer estes locais é envolver-nos com as suas gentes. Somos saudados por uma local que prontamente abriu o único café da povoação para nos servir um café quente. Diz-nos que por aqui há pouca gente, enquanto um de nós lhe conta os planos para o resto do dia. “Cruzes credo que vocês não chegam lá hoje!”. Chegamos, se o tempo ajudar, respondemos. Dá-nos, por último, uma série de indicações para chegar a Germil – uma das aldeias que sabíamos que íamos cruzar. “É quase sempre a descer”, refutou.

Igreja de Santo António de Mixões da Serra

De Mixões da Serra seguimos em direção a Vergaço por uma estrada municipal alcatroada e deserta. A zona parece-nos ter sido bastante fustigada pelos últimos incêndios e o cheiro a queimado ainda se sente no ar. Enquanto paramos no Miradouro de Gondoriz para avistar a zona de Vilarinho das Furnas, Terras de Bouro e outras montanhas que não conseguimos identificar na nossa geografia.

 

Era uma vez uma aldeia de montanha chamada Germil

Até Germil a viagem foi feita tranquilamente entre descidas e subidas acompanhadas por rajadas de vento várias vezes superiores à nossa velocidade. Esta povoação serrana está localizada a uma cota próxima dos 600 metros, isolada numa montanha da Serra Amarela em pleno Parque Nacional da Peneda Gerês. É marcada por habitações em pedra de granito, algumas recuperadas, com alguma dinâmica ao nível do alojamento local e de alguns populares presentes nas suas estreitas ruas. Em Germil seguimos a CM1348 que liga a aldeia a Entre Ambos-os-Rios. Desde os Picos de Europa que não tínhamos memória de uma estrada de montanha tão espetacular. Aqui as serras e montanhas abraçam os vales carregados de espécies autóctones e de linhas de água. Como é tão bom poder desfrutar desta calma e paz num cenário retirado de filme…

Estrada de Germil para Entre Ambos-os-Rios

Seguimos o track que nos conduziu para fora da estrada, numa espécie de atalho pelo monte até Lourido – uma aldeia da freguesia de Entre Ambos-os-Rios. Paramos no café da povoação e fizemos um breve briefing com o proprietário que nos explicou que a estrada terminava na aldeia de Ermida. E que até lá contávamos com vários quilómetros com inclinações superiores a 10%!!! Numa estreita estrada que serve de varanda para o Rio Froufe (afluento do Lima) que circulava ao nosso lado com um caudal ensurdecedor.

Rio Frofe

Estrada de montanha de Lourido até Ermida

Estrada de montanha de Lourido até Ermida

 

Ermida, o fim da linha daquela estrada

A entrada para a aldeia de Ermida anuncia uma pequena povoação de um aglomerado rural de casas em granito que se confundem com os currais dos vários animais que passeiam nesta aldeia. Os poucos populares dedicam-se ao pastoreio e ao cultivo agrícola nesta aldeia que é a última habitada nesta estrada que estamos a percorrer. O estado do tempo anulou rapidamente uma paragem mais prolongada e levou-nos a seguir o duro caminho empedrado até Bilhares.

Ermida – Ponte da Barca

Ermida – Ponte da Barca

Chegada à aldeia de Ermida

A Branda de Bilhares é um local composto por pequenas construções em granito que servem seguramente de apoio ao pastoreio, contudo à nossa passagem o tempo agravou-se novamente e fomos obrigados a seguir com os impermeáveis bem apertados. Este caminho ou estrada rural acabou por acabar ali à frente e a partir daqui tínhamos de seguir afincadamente o GPS.

À saída da aldeia de Ermida

Estrada rural de Ermida a Bilhares

Estrada rural de Ermida a Bilhares

Branda de Bilhares

 

Um mergulho na Serra Amarela

Situação que acabou por não acontecer! Seguimos por alguns metros nas margens do Rio Froufe quando o track o atravessava. Voltamos atrás e decidimos atravessar o rio mesmo com o caudal significativo e a água gélida que se fazia sentir. Mergulhamos pela Serra Amarela acima por entre a baixa vegetação e os rochedos gastos pelo tempo.

Atravessar o Rio Foufe

Mergulhados na Serra Amarela

Chegada ao cruzamento para o alto da Louriça

Até ao cruzamento para o alto da Louriça foi um tormento brutal com uma monumental tempestade a descarregar granizo e o vento forte que nos empurrava na direção certa. Descemos para o Lindoso ignorando a possibilidade de subir ao ponto mais alto da Serra Amarela (Louriça). Ficará para uma próxima! A chuva e o nosso estado de pré-hipotermia levou-nos a procurar uma sopa quente e uma boleia de um local para chegar do Lindoso a Ponte da Barca.

Vista para a Albufeira do Lindoso

Notas particulares para este percurso:
– O trajeto realizado provém de um percurso de uma edição do Epic GPS na região.
– Aconselha-se que seja percorrido num dia com bom tempo e em grupo.
– São vários os locais durante o percurso em que a rede móvel é insuficiente.
– As povoações distam bastantes quilómetros umas das outras, ao mesmo tempo que as vias de acesso são escassas e lentas.

Track

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Blog Comments

Bom dia,
Será que pode partilhar o track?
Obrigado

Olá Joel,
Disponibilizei o track no final da minha publicação.
Boas aventuras!
Edgar Costa

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